15 de jul. de 2011

Escolhas

É fato que um dos nossos esportes favoritos é mascarar a verdade de nossos fracassos dinamitando os outros. É mais ou menos assim: “…queria ser artista plástico, mas meu avô era militar e…” E? Seu avô era quem??

E assim vai. “Poxa, abdiquei da minha vida pessoal pelos meus filhos e hoje…”. Ah tá, entendi. Como diz um sábio amigo meu: “Tava quentinho, não tava?”. Pois é, o lance parece ser negar nossas escolhas veementemente. E dá-lhe psicólogo.

Não adianta chegar para seu companheiro(a) após 20, 30 anos juntos e jogar para ele(a) a responsabilidade por você não ter ido ao Tibet porque estavam economizando para comprar a casa de praia. Puxe aquele arquivo oculto no seu hard-disk, e você verá que era você que queria a porra da casa. E porque seu amigo(a) tinha uma, mesmo com você detestando areia.

E também tem aqueles que refletem suas desilusões nas agruras do meio em que vivem. Não dá pro cara nascer pobre e ser piloto de Fórmula 1. Simplesmente não dá. Mas a criatura reflete sua felicidade no impossível para questionar a sorte diariamente.

Tirando exceções - como arrimos de família muito jovens ou pais de portadores de deficiência grave - as pessoas têm macro-escolhas. E as fazem. Mas esquecem que as fizeram. E, mesmo nos casos mais difíceis, ainda restam as micro-escolhas. Se você gosta de ler, leia um livro. Dá pra estar feliz lendo. O que não dá é pra ler o mesmo livro meio a contragosto pois seria muito melhor lê-lo em um café em Paris. Apenas leia o livro. E sorria.

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