7 de mai. de 2011

Eu tenho. Vocês não têm.

Eu tenho, vocês não têm.


Até muito pouco tempo no Brasil vivíamos a época do “eu tenho, vocês não têm”. Isso acontecia quando ouvíamos frequentemente que o Brasil era o país do futuro. E era simples: poucos tinham muito, alguns tinham pouco, muitos não tinham nada. Mas nada quer dizer “nada mesmo”, neste caso.

O problema é que o futuro chegou. E com ele, uma crise de identidade veio a galope. Dizer em uma roda de amigos que você viu algo no Orkut é o mesmo que dizer que você freqüenta baile funk. É o medo que temos de nos aproximarmos e de tentar, pelo menos, entender as pessoas que vêm das classes outrora menos favorecidas. Antes era fácil se destacar por um modelo de celular ou de carro. Hoje, até entre nós, a briga ficou mais acirrada. “Você ainda não tem o iPad 2?”.

E não adianta correr. A turma vai invadir o Facebook. Eles são maioria. Não nós.

E isso é bom. Se não tivéssemos novas pessoas consumindo, todos nós estaríamos sem emprego. O mercado é complexo, mas tem nuances de simplicidade. A economia roda com injeção de capital ou com oferta gerada por demanda. E sem demanda, babau.

Eu sei que é duro soltar as amarras. Tantos anos ouvindo que somos gente fina. Mas não pensem que eles gostam de Calypso e rapadura. E só. Eles não gostam “também” de picanha argentina e de vinho francês porque ainda não provaram. Ainda.

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